As recentes altas do dólar devem incidir sobre o trigo e, consequentemente, sobre o preço do pão, a partir de maio, segundo previsão da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo).
É quando os estoques do cereal, importados pelo Brasil e comercializados em dólar, devem terminar. Atualmente, o Brasil importa 60% do trigo que consome, ainda segundo a associação.
Segundo o Sindicato e Associação Mineira da Indústria de Panificação (Ami-pão), o setor depende da manutenção do câmbio da moeda americana, frente ao real, para não haver repasse aos consumidores.
O presidente da Amipão, Vinicius Dantas, diz que os aumentos podem resultar no fechamento de padarias em Minas. “Dado o problema econômico no Brasil, temos muita dificuldade em praticar aumentos para serem repassados ao consumidor, o que pode levar os estabelecimentos a fecharem as portas”, afirma.
Dantas enfatiza, contudo, que há possibilidade de não haver aumento graças a mudanças tarifárias na Argentina. O país é o que mais vende trigo ao Brasil (cerca de 70% do total adquirido), e deve haver redução da taxa de exportação de 20% para 12%. “Isso facilitará as negociações. Assim, não acredito que haverá queda de preços, mas estabilização”, afirma.
Desde o início do ano, o preço do trigo já aumentou 7,5% no Brasil. Além da taxação e do dólar – que fechou o dia, ontem, a R$ 4.65, com 15% de alta acumulada no ano –, pesam a abertura de mercados asiáticos para a produção argentina e dificuldades climáticas, na Argentina, no Sul do Brasil, nos EUA e Canadá, o que também eleva o preço do cereal.