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A resiliência das padarias

Sobreviver a esse cenário desalentador configura um desafio tão intenso quanto a última crise vivida pelo segmento durante a greve dos caminhoneiros, em 2018. Na ocasião, as lojas lidavam com a falta de produtos típicos e precisaram se esforçar muito para seguir de portas abertas no período. Apesar disso, assim como na paralisação, o segmento da panificação, composto essencialmente por micro e pequenas empresas, mais uma vez repete o empenho para servir a sociedade da melhor maneira possível durante a pandemia.

Com o propósito de amenizar as perdas, o Sindicato e Associação Mineira da Indústria de Panificação (Amipão) tem orientado os seus associados para a consolidação do modelo multisserviços que potencializa encomendas e entregas, sem perder de vista as recomendações dos órgãos oficiais de saúde. Com as pessoas em casa, o momento favorece a produção de porções menores, que devem estar devidamente prontas e embaladas para serem consumidos fora da padaria, seja durante o café da manhã ou no almoço. Também é possível disponibilizar pequenos modelos de tortas, doces, salgados, entre outros, para a realização de celebrações adaptadas com uma quantidade menor de pessoas.

Com boa parte da população cada vez mais conectada à internet, o investimento em estratégias de marketing digital para ampliar a presença nas redes sociais, bem como outros canais e plataformas de comércio online, é outra solução que se faz ainda mais necessária para manter as vendas aquecidas. Nesse contexto, as ferramentas virtuais permitem uma interação rápida com o cliente, a divulgação de produtos e ações realizadas no negócio, além de impulsionar os serviços de entrega em domicílio.

A Amipão segue buscando diferentes autoridades dos governos federal, estadual e municipais com a proposta de solicitar a redução de alguns encargos para reduzir os impactos da crise no setor. Além disso, a entidade tem articulado, junto a vários panificadores, diversas reuniões online em plataforma digital com temas variados que se relacionam à crise para fomentar o debate, o compartilhamento de experiências e soluções que estão sendo aplicados nos negócios. O propósito é renovar as esperanças e a coragem dos empresários com trocas pertinentes.

A tendência é que a quarentena dure mais algumas semanas, levando o consumidor a precisar de ainda mais suporte das padarias. Atualmente, elas correspondem a 10% do mercado nacional, com, aproximadamente, 7 mil empresas que geram mais 80 mil empregos diretos e outros 180 mil indiretos. Por isso, é importante que um dos principais setores da economia siga unido e fortalecido para prestar um serviço de qualidade e essencial à sociedade, que sonha com dias melhores.

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Crise segura repasse da alta do dólar para consumidor final

Depois de duas sessões de alta, beirando os R$ 4, o dólar comercial recuou e terminou essa quarta-feira (8) em R$ 3,93. Apesar da trégua, analistas de mercado afirmam que a instabilidade política ainda vai segurar o câmbio em patamares altos por um bom tempo. O impacto não vem só para quem investe ou pretende viajar para o exterior. Do pãozinho ao combustível, tudo que depende de cotação internacional já está mais caro para indústrias e lojistas. Os aumentos só não chegaram ao consumidor final ainda porque a crise econômica derrubou as vendas e está impedindo ou, pelo menos, adiando o repasse.

O presidente do Sindicato e Associação Mineira das Indústrias de Panificação (Amipão), Vinícius Dantas, lembra que, em janeiro deste ano, a saca de trigo estava custando cerca de R$ 62. Agora, custa R$ 72, alta de 16%. “Só nas duas últimas semanas, tivemos dois aumentos de 5%. Com a atual situação de desemprego e atraso de salários dos servidores estaduais em Minas Gerais, não conseguimos repassar. O quilo do pão continua custando, em média R$ 15,90, o mesmo valor do começo do ano”, explica. Segundo Dantas, o setor só consegue segurar os aumentos por, no máximo, mais três meses.

O dono do restaurante Empório do Clã, Alexandre Alvarenga, calcula que, desde janeiro, sua margem de lucro já caiu 10%. “Eu trabalho com muitos ingredientes importados, como bacalhau, peixes, chocolates. Só o azeite subiu cerca de 15%. Eu não posso subir os preços nem mudar o meu cardápio, pois o cliente vem em busca daqueles pratos específicos. Também não posso trocar fornecedores porque não quero arriscar perder a qualidade. O jeito é reduzir o lucro”, destaca.

O professor de economia da Faculdade Arnaldo Alexandre Miserani afirma que a alta do dólar é reflexo do quadro de instabilidade política do Brasil, que ainda não conseguiu colocar em prática as promessas feitas durante a campanha das eleições presidenciais, como gerar empregos. Ele cita que o Brasil tem hoje 13 milhões de desempregados e 27 milhões de pessoas que já desistiram de procurar emprego.

“Muitas pautas estão travadas no Congresso, como a reforma da Previdência. O ritmo lento impede que o crescimento seja veloz, pois repercute no cenário internacional como um país que não tem a devida estabilidade para ter credibilidade de investimentos estrangeiros”, avalia Miserani.

Turista deve tentar pagar tudo em reais

Para quem vai viajar, o peso do câmbio é ainda maior, pois o dólar turismo está já ultrapassou os R$ 4. Comprar com antecedência ajuda, mas nem sempre é possível. Então, a alternativa é lançar mão de estratégias para amenizar. A CVC, por exemplo, sugere que o turista inclua no pacote o máximo de serviços, como locação e veículos, ingressos e até o seguro, para conseguir diluir os custos, já que é possível parcelar a viagem em até 12 vezes, pagando em real.

Enquanto quem vai viajar para o exterior ou precisa importar insumos está preocupado, quem exporta não tem do que reclamar. A Forno de Minas, por exemplo, está com o saldo positivo. “Mesmo precisando importar insumos, temos mais benefícios do que prejuízos, pois exportamos para cerca de 20 países”, explica a diretora de marketing, Valéria Favaretto. A empresa mineira, famosa pelo pão de queijo, acaba de entrar no mercado do México, para onde está exportando waffles.

Taxa de juros

Selic. Apesar de reconhe- cer o ritmo lento da econo- mia em 2019, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nessa quarta-feira (8) manter a Selic (taxa básica de juros) em 6,50% ao ano.

Esperado. Essa foi a nona manutenção consecutiva.

Devagar. O BC destacou que o risco de uma inflação menor devido ao fraco desempenho econômico se elevou desde março.