Qual será o significado do pão doce no mercado nacional? Digamos que o produto, muitas vezes, pode ser considerado o coração das padarias brasileiras. Afinal, é o segundo mais vendido em comparação ao pão francês e tem toda uma relação emocional com o paladar do brasileiro.
De acordo com José Batista de Oliveira, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (ABIP), “os pães doces não são, em geral, comprados por suas propriedades nutricionais. É um produto indulgente, um agrado. Há ainda uma relação afetiva com o produto, pois é comum o consumo logo na infância e carregamos essa afinidade até a vida adulta”.
Para Márcio José Rodrigues, diretor do Sindicato e Associação Mineira da Indústria da Panificação (Amipão), o sucesso dos pães doces “é devido às massas serem mais ricas e saborosas, já que contêm ingredientes mais nobres, como leite, ovos, gordura e açúcar. Os pães doces estão relacionados à indulgência e ao prazer na alimentação”, salienta.
Isabella Carneiro Santiago é diretora executiva da Padaria Vianney, uma das mais tradicionais de Belo Horizonte, Minas Gerais. Ela conta que o pão doce é feito no estabelecimento desde a sua fundação, há 26 anos, sendo que a atual produção anual é de 12 toneladas. “É um produto que agrada todas as idades. Em Minas, é tradição familiar servir, no café e lanches, o pão doce. A venda dos pães doces no ano de 2018 foi de aproximadamente R$ 300 mil”, destaca.
Na Padaria Vianney, é possível encontrar o pão doce nas versões pão doce redondo; pão de cachorro-quente; pão doce comprido; pão doce com coco; pão de hambúrguer simples; pão de hambúrguer com gergelim; pão com creme; pão de leite condensado mini; pão com ervas mini; pão de cebola mini; pão cearense; pão de milho; pão de milho com erva doce; pão de batata mini; pão de batata especial; pão de batata especial com queijo e pão sovado.
“O minipão de batata é o mais vendido da casa, pois é um pão que combina com patês, antepastos, manteiga ou até mesmo puro. Devido à possibilidade de combinações e sabores, são os mais procurados para lanches infantis, eventos corporativos ou até mesmo servir um lanche em casa ou tomar um café da manhã”, explica.
Segundo Oliveira, presidente da ABIP, essa grande variedade do pão doce é outro destaque do item. “A massa de pão doce é versátil e permite o desenvolvimento de uma série de produtos, com diferentes modelagens e acabamentos. Na padaria, isso significa trabalhar de forma mais eficaz o aumento do mix de produtos e o abastecimento da loja, com um item de maior valor agregado”. Além disso, ele esclarece que “o pão doce faz parte da categoria baked sweet goods (panificação doce – croissants, donuts e roscas) citada no estudo ‘Top 10 Global Consumer Trends for 2018’. No ano passado, essa categoria movimentou 3,1 milhões de toneladas na América Latina”.
MERCADO
Conforme a assessoria de imprensa da ABIP, a associação não possui estatísticas sobre a venda do pão doce no Brasil. Porém, o presidente Oliveira garante que “é fato que o produto é um dos principais itens de procura na loja, contribuindo para o aumento de mais de 5,87% das vendas de itens de produção própria em 2018, segundo estudo encomendado pela ABIP”.
Já Rodrigues, diretor do Amipão, informa que “segundo dados do Instituto Tecnológico de Panificação e Confeitaria (ITPC), no âmbito nacional, o volume total dos pães doces produzidos artesanalmente é de 15,34%, representando 870 mi toneladas. Já no processo industrial, a estimativa é de 14,4% cerca de 810 mi toneladas. A soma dos pães de massa doce é de 29,74% e Minas Gerais representa 11% do volume do mercado nacional”.
Rodrigues acrescenta ainda que “praticamente 100% das padarias brasileiras produzem o pão doce, sendo o segundo produto mais vendido nacionalmente”.
Em relação à grande variedade de pães doces encontrados no mercado, o diretor do Amipão argumenta que “no Brasil, notamos que, pela sua extensão territorial, cada região desenvolveu o produto de acordo com as matérias-primas disponíveis. Por exemplo, no Nordeste, um pão muito comum é o de coco, devido à abundância desse produto. No Sudeste, o sovado, as roscas e o pão liso apresentam um consumo maior”.
Já sobre média de custo e venda dos pães doces, Rodrigues relata que “o preço de custo varia de acordo com o processo de fabricação adotado, sendo que os custos mais altos são dos produtos artesanais em relação aos métodos industriais. Já o preço de venda tem variado de R$ 10 a R$ 70 o quilo, com preço médio de R$ 28”, especifica.
TENDÊNCIAS
Para dar continuidade ao sucesso do pão doce, diferentes variantes do produto estão sendo lançadas no mercado, que também apresenta algumas tendências para 2019.
Conforme ressalta Rodrigues, diretor da Amipão, já existem versões light de pão doce, que “são tendências, mas representam 8% do volume de pães macios produzidos. Os brioches de origem francesa e pães doces com fermentação natural são os que mais têm crescido no mercado e se tornado tendência”, afirma ele.
Oliveira, presidente da ABIP, enfatiza que o investimento em pães doces em versões com apelo mais saudável já é uma realidade no setor da panificação. “Já há versões orgânicas, veganas, com o uso de açúcares de frutas cristalizadas, por exemplo”, finaliza.